Acabou de passar na SIC, uma reportagem sobre o estado das energias renováveis em Portugal, bem como o investimento do país nesta área nos próximos tempos. Falou se dos extremos impactos ambientais, que as centrais solares e eólicas vão ter nos nossos ecossistemas, sem criarem quase emprego nenhum (falou-se se não me engano que a central da Amareleija criou uma dúzia de empregos). No entanto nunca se falou na alternativa óbvia e limpa do nuclear. Funciona nos outros países. Porque não neste cantinho da Europa?

    • Thechosentuga@lemmy.ptOP
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      1 year ago

      Pois é isso. Penso que seja mesmo nuclear. Recomendo imenso a ver o documentário: Nuclear Now. Dá me mesmo muita pena em ver os impactos que a instalação de grandes centrais fotovoltaicas e eólicas vão fazer ao ambiente e paisagem do nosso país, em busca de energia verde. Uma central nuclear significariam talvez menos centenas de hectares de florestas destruídas.

        • TCB13@lemmy.world
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          1 year ago

          Há 20 anos estávamos na situação dos 100% dos resíduos eram lixo, hoje podemos reduzir isso para 4% no melhor dos casos. Isto não te diz nada sobre a trajetória destas tecnologias? Será que não é prudente investir um pouco na investigação e no desenvolvimento disso em vez de ignorar o tema como a UE tem feito?

          Mesmo que estejamos perante uma situação em que 10% não é reciclável, não é bem pior andar a queimar carvão ou a produzir painéis fotovoltaicos que têm um impacto ambiental altíssimo para ter a mesma quantidade de energia? O lixo nuclear pode ser (e é) armazenado de forma segura, estas tecnologias de reciclagem hoje já nos permitem aproveitar lixo que está armazenado como novo combustível por exemplo. Os Franceses perceberam isto e estão a tirar partido porque melhor do que explorar reservas / minério é poder reutilizar lixo.

  • NorskSud@lemmy.pt
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    1 year ago

    Resposta curta: não compensa, a energia nuclear é muito mais cara que a renovável hoje em dia.

    Quanto ao “mais limpa”, longe disso, cria vários problemas de gestão de resíduos etc. Onde ela já existe deve continuar a ser usada (a Alemanha errou feio ao suspender a sua e agora anda a reacender centrais a carvão), mas quem nunca teve não precisa meter-se nisso agora, simplesmente não compensa do ponto de vista financeiro e também não gera empregos por aí além.

    Em relação à solar muitos dos problemas ambientais causados poderiam ser reduzidos apostando na sua descentralização, para isso precisamos de mudanças legislativas. Os painéis solares deviam estar nos telhados e parques de estacionamento, não na Amareleja para defesa de lucros acionistas, que é do que se trata.

    • TCB13@lemmy.world
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      1 year ago

      Em relação à solar muitos dos problemas ambientais causados poderiam ser reduzidos apostando na sua descentralização, para isso precisamos de mudanças legislativas. Os painéis solares deviam estar nos telhados e parques de estacionamento, não na Amareleja para defesa de lucros acionistas, que é do que se trata.

      Concordo com a lógica de ter os painéis solares descentralizados e aplicados diretamente em prédios e afins, isso é realmente o caminho mas mega-centrais são melhores para as luvas. Fora isso o fotovoltaico tem um problema sério, em média um painel precisa de produzir energia durante 10 anos (metade da sua vida útil) para compensar o impacto ambiental da sua produção - afinal não é assim tão limpo como vendem. E depois ainda temos o problema da reciclagem, não sei até que ponto se incluirmos a reciclagem do painel não se vão os outros 10 anos de energia limpa.

      Este é o problema da maior parte das fontes de energia, estamos a tirar a poluição de um sítio ou modo para passar para outro. No caso dos painéis é menos CO2 a produzir a energia durante a sua vida útil mas muito mais poluição na sua produção e reciclagem:

      During manufacture and after the disposal of solar panels, they release hazardous chemicals including cadmium compounds, silicon tetrachloride, hexafluoroethane and lead.

      https://sciencing.com/effects-chlorofluorocarbons-humans-7053.html

      • NorskSud@lemmy.pt
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        1 year ago

        Isso são problemas válidos, mas temos agora 2 décadas pela frente para encontrar soluções tecnológicas para lidar com a atual explosão de painéis solares. A energia nuclear é mais antiga e continuamos sem soluções além de tapar com o tapete. A verdade é que nenhuma energia é 100% limpa, 100% limpo e verde só não consumir. E é por isso que a aposta deve continuar a ser também na redução do consumo, mas ninguém fala nisso, pelo contrário, a poluição luminoso aumentou brutalmente nas últimas décadas por causa dos LED, como consomem menos, produz-se mais luz. Ou seja, gasta-se o mesmo, poluindo mais, em vez de se ter usado os LED para consumir menos.

        Eu não tenho nenhum tabu em relação ao nuclear, mas exemplos recentes do estrangeiro mostram como é incrivelmente cara e facilmente sofre também problemas com a seca e falta de água p.ex. É menos fiável do que os seus promotores gostam de dizer e é extremamente cara, além de também depender de fornecimento de países pouco recomendáveis, não acredito que neste momento em Portugal faça sentido.

  • Jpraga@lemmy.pt
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    1 year ago

    Convido todos a assistir a este vídeo: Why Germany Hates Nuclear Power Super interessante, factual e fala sobre a crise energética da Europa.

    Fiquei chocado por saber que a avg Age das Centais Nucleares da França é de quase 40 anos. (esperança media de vida de uma Central é 20 a 40 anos.)

    • Thechosentuga@lemmy.ptOP
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      1 year ago

      Recomendo a assistires também o documentário Nuclear Now. Fala sobre como é que a energia nuclear foi retratada no passado por diversas razões, e como essas ideias chegaram até aos dias de hoje.

  • Ninguém@lemmy.pt
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    1 year ago

    Uma das razões talvez seja esta:

    Lixo no chão! Tirado de: https://1.bp.blogspot.com/-HKFJ52RxXOY/WyDfIEiDu3I/AAAAAAABZIs/aairwpYa7IMLW0fF1xhCOkWcekS0Ax8wQCLcBGAs/s1600/0459.jpg

    Qualquer centímetro que não seja ativamente vigiado acaba na entropia. Aliada à tendência que temos de não verificar absolutamente nada…

    Simplesmente, não temos mecanismos (até pessoais) para nos autocensurarmos.

    Infelizmente, vou perdendo paulatinamente a confiança no povo português para ser autónomo . 😮‍💨

      • Ninguém@lemmy.pt
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        1 year ago

        É! A mim também!..

        Ando numa fase de experimentar as chamadas “redes sociais” porque achei que o fediverse era, finalmente, uma rede social decente - ainda acho isso, apesar de algumas reticências -, mas acho que os meus níveis de cinismo estão no máximo. Não sei se me faz bem…

  • stelman3 @lemmy.world
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    1 year ago

    Se as mini centrais nucleares avançassem poderia ser uma boa solução para Portugal. Quando vi a notícia do quanto baixou o preço da energia a última central que abriu na Finlândia até fiquei parvo

      • TCB13@lemmy.world
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        1 year ago

        Sim houve atrasos mas também é normal existirem quando tens uma Europa inteira empenhada em destruir o que resta da sua indústria nuclear e a tentar restringir tudo.

        A questão é que com a quantidade de energia que precisamos para compensar as eventuais falhas de gás, alimentar carros elétricos / indústria do hidrogénio não me parece que exista uma opção melhor do que nuclear. Fotovoltaico é bonito mas só em custo ambiental já é um problema.

        • poVoq@slrpnk.net
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          1 year ago

          Isto está errado. O reator finlandês foi construído por uma empresa francesa e a França está 100% comprometida com a promoção da energia nuclear.

          Começando a construir um reator nuclear agora, significa 15-20 anos mais dependência de combustíveis fósseis, pois é assim que leva para completar tal reator.

          Renováveis não são perfeitos, mas cada moinho de vento e painel solar que você construir ajuda agora. Não temos tempo para mais 20 anos de queima de combustíveis fósseis.

          • TCB13@lemmy.world
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            1 year ago

            Nuclear é um setor que precisa de grandes investimentos e suporte em termos de investigação. Isto não é uma “teoria da conspiração” o que acontece é que se não tivermos uma política pro-nuclear que apoie essas a investigação e os projetos nucleares a indústria não é capaz de se desenvolver. Isto é um daqueles casos que “estás comigo ou estás contra mim” não há neutralidade no nuclear.

            Há governos como o Japão, China e a França que investem a sério nisso porque sabem que é necessário para terem um futuro prospero e depois há os outros todos que vivem na neutralidade sobre o tema o que na prática se traduz em acabar com o setor.

    • Thechosentuga@lemmy.ptOP
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      1 year ago

      É pena o quão Portugal seria melhor se fossemos todos menos egoístas. Obrigado pelo link, btw! Bom trabalho.

  • Francisco@lemmy.pt
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    1 year ago

    Privados não fazem estações de produção eléctrica nuclear. Se não gostas de negócios como, por exemplo, da Lusoponte, então nuclear não é para ti.

    Os impostos pagam a estação agora e logo se vê que preço a electricidade vai ter no futuro.

    Os lucros vão para o privado, e dependem quase só dos níveis de segurança exigidos para a operação. O incentivo para comprar os políticos e reguladores e mudar as regras para reduzir custos, é gigante.

    E não é que possas criar um mercado com concorrência. Aliás, até os trabalhadores têm que ser pre-aprovados. Por segurança.

    E pensar em vulnerabilidades como o que se vê agora na Ukrania? Onde se está a prever que alguém pode causar um acidente nuclear que vai afectar uma área maior do que Espanha? Quem paga a gestão desse tipo de segurança. O SIS, e esses custos também estão contados nos custos do nuclear?

    Mais, a produção não é flexível suficiente para acompanhar (como é necessário) o consumo eléctrico do momento. Ou seja, a produção electrica nuclear apenas é adequado para abastecer o consumo base, que corresponde a cerca de 6% do que é consumido.

    E que fazes ao resíduo? Há muito quem tenha teorias, não faltam. Mas na prática onde se depositam? E quem? E até quando?.. se vai pagar para cuidar desses resíduos?

    Para mim é como falar do comunismo. Fantástico na teoria - Utópico. Na prática, é o que se viu/vê.

    • TCB13@lemmy.world
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      1 year ago

      https://www.iaea.org/newscenter/news/frances-efficiency-in-the-nuclear-fuel-cycle-what-can-oui-learn

      “Ou seja, a produção electrica nuclear apenas é adequado para abastecer o consumo base, que corresponde a cerca de 6% do que é consumido.” tens a certeza disto?

      With 58 nuclear power reactors producing nearly 72% of France’s electricity in 2018,

      “E que fazes ao resíduo? Há muito quem tenha teorias, não faltam. Mas na prática onde se depositam? E quem? E até quando?.. se vai pagar para cuidar desses resíduos?”

      Parecem-se ser tudo problema resolvidos já.

      The recycling of spent fuel is a major element of the strategy of the French nuclear sector, which has more than 30 years of industrial experience. (…) Through recycling, up to 96% of the reusable material in spent fuel can be recovered.

      Repara nesta parte, não é uma teoria, é uma prática desde 1960:

      Since the start of operations in the mid-1960s, the La Hague plant has safely processed over 23 000 tonnes of spent fuel — enough to power France’s nuclear fleet for 14 years.

      • Francisco@lemmy.pt
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        1 year ago

        Obrigado pela resposta. Já me levou a ler mais sobre isto.

        Deixo 3 contra-pontos:

        • 72% é da produção. E França exporta. O consumo é significativamente mais baixo. Ainda assim muito acima dos 6% que eu falei.
        • Contudo, como dizer os anglófonos, quando tens um martelo na mão todos os problemas parecem pregos. O facto de que França usa muita electricidade de origem nuclear não significa que essa é a fonte mais eficiente, melhor,ou mais barata.
        • sobre a reutilização/reciclagem dos resíduos — não concordo que seja um problema resolvido. 96% é um racio, continuas a ter resíduo ao final. E nada é dito sobre a qualidade, ou perigosidade desse resíduo. 96% não especifica as ‘unidades’. Mesmo se fosse ‘96% da perigosidade’, 20 vezes menos não significa problema resolvido. O link que apontas não responde onde se depositam. Quem, e até quando… se vai pagar para cuidar desses resíduos. Que são detalhes importantes, não achas?